Dietas de moda podem até emagrecer, mas se tiver déficit calórico
Jejum intermitente deve ser de no máximo 18 horas
Comer de 3 em 3 horas é mito, segundo especialista
Dieta do carboidrato, dieta da fruta, da proteína e “por aí vai” … será que essas dietas funcionam mesmo? Depois que se interrompe a dieta, a pessoa volta a ganhar peso, até mais que antes? Jejum intermitente dá mesmo resultado? Preciso comer a cada 3h para emagrecer?
A endocrinologista Dra. Lorena Amato reuniu as principais dúvidas de pacientes sobre as dietas e responde abaixo o que pode dar resultado e o que é puramente mito.
Dietas das proteínas, low carb, dieta das frutas, dieta sem glúten resolvem?
Dra. Lorena – Resolvem se houver déficit calórico, não importa qual o tipo de dieta. Quando se faz uma dieta com retirada do glúten, por exemplo, acaba-se tirando algo que era muito consumido no dia a dia, como pães e massas, resultando em menos calorias ingeridas e, consequentemente, perda de peso.
Dietas ricas em proteína animal são recomendadas?
Dra. Lorena – Depende, já que temos as proteínas magras e gordas. A primeira dieta hiper proteica foi a Atkins, que liberava todo tipo de proteína animal, até mesmo alimentos como bacon, picanha e retirava carboidratos. Isso resultava em déficit calórico e perda de peso. Depois surgiu a dieta Dukan, baseada em proteínas magras, como salmão e outras carnes magras, que é bem mais saudável, e também fazendo sucesso em relação a perda de peso que levava. Então, não há um grande problema em dietas que permitam a ingestão predominantemente de proteínas, contanto que sejam fontes de proteínas mais magras, mais saudáveis.
Jejum intermitente é indicado?
Dra. Lorena – Depende… se a pessoa gostar e conseguir fazer, faz muito bem, com potencial melhora do perfil metabólico. É mais uma dieta que acaba por levar a um déficit calórico, já que se fica um longo período do dia sem comer. Mas atenção! Se ao terminar o jejum o indivíduo aumentar significativamente a ingestão calórica como “compensação”, não conseguiremos o déficit calórico almejado e, consequentemente, não perderemos peso.
Estudos recentes publicados na conceituada revista médica News England Journal of Medicine mostraram que em animais o jejum intermitente resultou em melhora metabólica, rejuvenescimento e até maior sobrevida. Os animais avaliados no estudo ficavam até 20 horas em jejum. Em humanos, por enquanto, podemos somente extrapolar esses resultados sugerindo os mesmos benefícios vistos em animais.
É verdade que comer de 3 em 3 horas pode contribuir para a perda de peso?
Dra. Lorena – Isso é um grande MITO relacionado à dieta. Não há evidência científica que é preciso comer a cada três horas. O fato de ficar até 6-8horas sem comer também não baixa o metabolismo. A indicação é: se a pessoa se sente bem comendo a cada três horas, ok, mas não há melhora metabólica por nisso. Tem pessoas que não se encaixam nesse padrão alimentar e não há problema que estas comam a casa 6-7 horas, ou no intervalo de tempo que se sentir confortável.
Só dieta faz emagrecer ou é preciso aliar atividade física?
Dra. Lorena – Sim, só aderir à dieta faz emagrecer. A atividade física não é tão importante para a perda de peso, mas é sim fundamental para a manutenção do peso, o que é bem diferente.
Quais os perigos das dietas sem acompanhamento de um especialista?
Dra. Lorena – Se apegar a mitos, às falsas verdades, o que pode acabar levando ao comprometimento da saúde. Restringir alimentos que são saudáveis por causa de dietas malucas é um risco. Por exemplo, restrição à lactose sem motivo algum, diminuindo a ingestão de leite e derivados, diminui o aporte de cálcio tão essencial para a saúde óssea e muscular. Restringir glúten sem diagnóstico de intolerância ao glúten pode complicar muito a ingestão alimentar no dia a dia da pessoa já que alimentos com glúten estão por toda parte, atrapalhando a qualidade de vida. Enfim, fazer uma dieta sem orientação médica, coloca a pessoa em risco de déficit de vitaminas, de macro nutrientes e pode resultar ainda no efeito sanfona, ou seja, perda de peso durante a dieta e quando para volta a dieta habitual, ocorre reganho de peso.
Sobre as dietas muito restritivas, quando terminam, é verdade que a pessoa pode ganhar mais peso do que tinha antes?
Dra. Lorena – Não, tudo na verdade está relacionado ao que a pessoa vai fazer para manter o peso. Por exemplo, feito uma dieta radical de 600 calorias por dia, que faz perder peso rapidamente; se depois houver uma boa reeducação alimentar, aliada à atividade física e acompanhamento médico, poderá evitar ganhar peso. As dietas ajudaram a perda de peso sustentada para quem seguir esses três pilares: reeducação alimentar, atividade física e orientação profissional. Emagrecer de forma fácil não existe, é preciso força de vontade, dedicação e persistência para que a perda de peso seja sustentada e associada a ganho em saúde e qualidade de vida.
Sobre a Dra. Lorena Lima Amato – A especialista é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM) e endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria. É doutora pela USP e professora na Universidade Nove de Julho.
Serviço:
Dra. Lorena Lima Amato no Instagram: https://www.instagram.com/dra.lorenaendocrino/