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Babá: Como fazer a escolha certa?

Babá: Como fazer a escolha certa?

Pediatra fala que afetividade e responsividade são os aspectos mais importantes

 

O que fazer com o bebê agora que voltarei ao trabalho? Essa é uma dúvida que chega no consultório pediátrico com frequência e de mãos dadas com a angústia da mãe, que acabou de passar pelo puerpério. Escola ou babá? Quais competências técnicas devem ser avaliadas?

“Dois aspectos são os mais importantes a serem analisados: a babá precisa ser afetiva e responsiva. Hoje, a criança precisa muito mais de afeto do que de cuidados técnicos durante a primeira infância (até 2 anos). Responsividade é a capacidade de “ler” o comportamento da criança e responder adequadamente a ele. A babá respondida, por exemplo, é aquela pessoa que não se restringe à rotina pré-estabelecida e, sim, às necessidades e demandas reais da criança no dia a dia”, explica Dra. Denise Lellis, PHD em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Muitas vezes, a família estabelece uma rotina e a babá percebe que a criança tem outras necessidades porque consegue fazer um cuidado individual e atento. O papel da babá é conversar com os pais e apresentar como a criança se sente mais confortável. Às vezes, a criança aprende a fazer alguma coisa, falar ou se sentar, ganha uma nova competência e é importante que a babá estimule novas descobertas da criança.

A pediatra lista abaixo algumas dicas:

A afetividade é essencial no momento da contratação –  Sim, a afetividade é importante para qualquer pessoa que cuide da criança. É um vínculo para que ela aprenda e se sinta segura para explorar o ambiente, entender as novas capacidades. Para não se sentir estressada e ameaçada. O afeto, o carinho e um ambiente leve são fundamentais para o desenvolvimento da criança.

Parceria é muito importante – Cada família tem necessidades e valores diferentes e, por isso, a babá precisa entender quais são essas condições e analisar se consegue oferecer isso para a família. Mas essa compreensão deve ter mão dupla.

É importante que a família entenda que a babá também tem suas dificuldades, sua individualidade e que não é uma máquina de trabalhar. Cuidar de uma criança é cansativo, por isso é importante a babá ser vista como alguém que também tem suas peculiaridades. Quanto mais tranquila e descansada essa pessoa estiver, melhor será o cuidado com a criança.

Em minha experiência já aconteceu de uma família forçar a babá a usar roupa branca, por exemplo. A profissional se sentia muito mal porque não gostava do próprio corpo quando vestia branco. Esse tipo de imposição pode prejudicar a relação da profissional e a família. Respeito e empatia só funcionam se forem bilaterais.

Habilidades técnicas são detalhes perto de afeição e parceria – A família pode ensinar ou aprender junto com a babá a dar banho, fazer a papinha, trocar fralda. Isso pode até ser interessante para construir o relacionamento entre a família e a profissional.

Muitas famílias contratam babás inexperientes e isso pode dar mais certo que contratar alguém capacitada por vários cursos, mas sem afeição ou cheia de hábitos vindos de outras famílias. Nem sempre experiência é uma vantagem.

O ambiente de cuidado individual é muito mais interessante para crianças – Isso até os dois anos quando comparado ao cuidado institucionalizado (creche), ou seja, é melhor a criança ficar em casa com uma babá afetiva do que na escola onde o cuidado será dividido com três ou mais crianças. O vínculo e a afetividade são estímulos muito mais importantes que os estímulos direcionados para esta faixa etária. Isso sem contar as incontáveis infecções que as crianças pequenas podem contrair quando entram cedo demais na escola.

A babá não ocupa o lugar da mãe – Especialmente, se a mãe tomar o cuidado de quando chegar em casa, após o trabalho, se entregar para a criança genuinamente. A babá é uma pessoa que substitui o lugar físico da mãe e pode ser alguém a mais para a criança gostar. Todo o carinho dos pais deve ser demonstrado à criança assim que chegam em casa para que ela entenda que essa distância durante o dia é uma característica da vida e não uma tragédia. Se os pais saírem de casa e chegarem felizes é melhor ainda. Positividade é sempre bem-vinda quando o assunto é a infância.

A profissional precisa parecer feliz e bem resolvida – Se mostrar insegurança, pode trazer problemas, como deixar a família na mão, desistindo do emprego, o mais comum hoje em dia. Por isso, a família não pode ter pressa nessa escolha. Entreviste muitas pessoas, ganhe experiência com as entrevistas e seja sempre transparente com todas as suas necessidades, exigências e limitações.

É importante que a família consiga um tempo para fazer a adaptação da babá com a criança em casa. Por isso, para quem vai voltar a trabalhar e optou por ter uma babá, contrate, pelo menos, um mês antes da volta ao trabalho para acompanhar esse tempo de adaptação, para que haja um treinamento com calma nessa construção de relação.

O sinal que está dando certo é quando a criança está feliz – Se ela muda o comportamento quando vê a babá, fica triste, por exemplo, pode ser um sinal de que alguma coisa não vai bem. É bom, de alguma forma, monitorar esse trabalho. Ter uma avó junto com a babá, os pais irem em casa com frequência ou por monitoramento por câmera são boas saídas. Isso não é ruim, principalmente no começo da relação, para que os pais ganhem essa segurança e a babá possa mostrar seu trabalho.

A maternidade hoje coloca as mães em uma situação muito difícil: escolher o papel de mãe ou de profissional e, muitas vezes, estamos no meio dos dois sem exercer esses papéis como gostaríamos. Mas fica a dica: troque a análise curricular pelo olho no olho, porque afeto é a competência primordial para alguém merecer cuidar dos nossos filhos.

Sobre Dra. Denise Lellis – Doutora em Pediatria pela USP, é membro do departamento de Obesidade Infantil da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), pediatra da Liga de Obesidade Infantil da FMUSP e Coordenadora do curso de Nutrologia Pediátrica para consultório do CAEPP (Centro de Apoio ao Ensino e Pesquisa em Pediatria).

 

Serviço:

https://linktr.ee/deniselellis