Alguns alimentos podem beneficiar a audição das mulheres

Alguns alimentos podem beneficiar a audição das mulheres

Poucos estudos relacionam alimentação com a perda da audição. Uma pesquisa do Departamento de Otorrinolaringologia da FMUSP (clique aqui) mostrou que a hiperglicemia e os distúrbios da tireoide são duas vezes mais frequentes nos pacientes com surdez súbita do que se observa para população brasileira. Uma das autoras da pesquisa da FMUSP é a Dra. Jeanne Oiticica, otorrinolaringologista, otoneurologista e Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Além disso, estudos apontam que o alto consumo de peixes, ácidos graxos marinhos, carotenoides e folato estão associados ao menor risco de perda auditiva em mulheres.

Em estudo recente três padrões de dietas saudáveis diferentes e o risco de perda auditiva foram avaliados em 70.966 mulheres, com idade de 27 a 44 anos. A dieta foi avaliada a cada quatro anos por meio de questionários de frequência de uso de alimentos e escores de aderência a cada tipo de dieta: AMED (Dieta Alternada do Mediterrâneo), DASH (Abordagem Dietética para Hipertensão) e AHEI2010 (Índice Alternativo de Alimentação Saudável-2010). A AMED (inclui azeite de oliva extra virgem, grão in natura ou pouco processados, legumes, vegetais (exceto batata), frutas, nozes, peixe e consumo regular e modesto de vinho.

“Ao contrário da DASH, a AMED não limita a quantidade de porções por cada classe de alimentos, em vez disso baseia-se em uma hierarquia do grupo de alimentos. Em primeiro lugar estão vegetais, frutas, nozes, grãos, óleos vegetais, azeite de oliva, em segundo lugar peixes, e em terceiro lugar aves e laticínios, que devem ser consumidos com moderação. Carnes e doces devem ser esporádicos, e o álcool com moderação. A diferença básica da AMED para a DASH, é que a primeira usa, exclusivamente, azeite de oliva e o consumo moderado de vinho nas refeições. A dieta DASH inclui alto consumo (quatro a cinco porções diárias) de frutas, vegetais, nozes, sementes, grãos (sete a oito porções diárias), legumes, carnes magras, peixe e aves (duas ou menos porções por dia), laticínios com baixa ou sem gordura (duas a três porções diárias). Está demonstrado que a dieta DASH reduz a pressão arterial, o risco de hipertensão, doença cardiovascular, diabetes e declínio cognitivo”, explica Dra. Jeanne.

A especialista comenta ainda que os mecanismos pelos quais uma dieta saudável pode influenciar e prevenir a perda auditiva envolvem perfil lipídico sanguíneo mais saudável, melhor função endotelial, menor pressão sanguínea, menor inflamação, o que previne o comprometimento vascular e a redução do fluxo sanguíneo coclear.

“Padrões dietéticos que incluem alto consumo de frutas, vegetais, legumes, grãos, nozes, peixes, aves; baixo consumo de gordura saturada, e consumo moderado de álcool estão associados com menor risco de doenças degenerativas, e previnem contra inflamação e degeneração dos neurônios auditivos. Nunca é tarde para se contornar os prejuízos. O corpo e o metabolismo são capazes de se adaptar e se renovar frente à nova condição de saúde”, detalha Dra. Jeanne.

Em adultos, a perda auditiva adquirida é multifatorial e resulta da influência cumulativa de inúmeros fatores ao longo da vida. A lesão auditiva pode decorrer do fluxo sanguíneo coclear insuficiente, hipóxia, medicamentos, lesão isquêmica, estresse oxidativo, disfunção mitocondrial, lesão celular, degeneração de neurônios auditivos central ou periférico.

 

Perfil Dra. Jeanne Oiticica

Médica otorrinolaringologista, formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.

Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Responsável do Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.