Terapia com testosterona no Brasil segue off label

Terapia com testosterona no Brasil segue off label

O uso deste hormônio em altas doses nas mulheres causa danos à saúde

Melhora da libido, da composição corporal e da performance do exercício são algumas das razões que fazem as mulheres usarem testosterona. “Mas a única potencial indicação dessa terapia seria para mulheres com transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH). O uso para outros fins não é indicado e pode trazer sérias consequências para a saúde”, explica a Dra. Larissa Garcia Gomes, da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo.

A diminuição da libido é uma queixa comum das mulheres, principalmente no período peri e pós-menopausa, e essa diminuição tem sido frequentemente associada à redução da testosterona. As concentrações circulantes desse hormônio caem progressivamente ao longo da vida reprodutiva das mulheres, principalmente na terceira e quarta décadas.

“O diagnóstico do TDSH inclui critérios bem estabelecidos que resumidamente incluem falta de motivação para atividade sexual e/ou falta de resposta ao estímulo erótico, causando sofrimento, pelo período mínimo de seis meses. Esse diagnóstico é clínico, e não está recomendada a dosagem de testosterona com a finalidade desse diagnóstico”, explica a endocrinologista.

A maioria dos ensaios comercialmente disponíveis para dosagem de testosterona é pouco sensível e acurada nos valores baixos do método. Dessa forma, não existe um valor de normalidade da testosterona para as diversas faixas etárias e, consequentemente, não está determinado o que é testosterona baixa para a mulher.

As grandes coortes que avaliaram a terapia com testosterona no TDSH são australianas, pois a Austrália é o único país que disponibiliza a testosterona transdérmica na dose de reposição feminina. “A revisão sistemática que avaliou mais de 3 mil mulheres pós-menopausa, que utilizaram patch de testosterona 300 mg versus placebo, demonstrou que as mulheres com patch de testosterona tiveram aumento modesto dos episódios de desejo e satisfação sexual, orgasmo e melhora na escala de estresse, entretanto, também apresentaram mais acne, hirsutismo (crescimento excessivo de pelos)e alopecia. Esses estudos tiveram período máximo de seguimento de 24 meses, e não existem dados de segurança de longo prazo”, pontua a médica.

Para mulheres, o  Brasil não disponibiliza formulações comerciais de testosterona transdérmica aprovadas pelas nossas agências regulatórias. As formulações disponíveis para homens não devem ser prescritas para mulheres.

O abuso de testosterona em altas doses nas mulheres para fins estéticos e de performance aumentou dramaticamente nos últimos anos. O uso de altas doses de testosterona pode levar a sinais de virilização como engrossamento da voz, clitoromegalia e atrofia mamária, além de hirsutismo, acne e alopecia. Alterações metabólicas e cardíacas como dislipidemia, hipertensão, arritmia, distúrbio de coagulação, fibrose e hipertrofia cardíaca já foram relatadas.

Dessa forma, o posicionamento da SBEM deixa claro que a terapia com testosterona para TDSH pode ser considerada, mas, pela falta de formulações comerciais, seu uso no Brasil segue off-label.

 

Sobre a SBEM-SP

A SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo) pratica a defesa da Endocrinologia, em conjunto com outras entidades médicas, e oferece aos seus associados oportunidades de aprimoramento técnico e científico. Consciente de sua responsabilidade social, a SBEM-SP presta consultoria junto à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, no desenvolvimento de estratégias de atendimento e na padronização de procedimentos em Endocrinologia, e divulga ao público orientações básicas sobre as principais moléstias tratadas pelos endocrinologistas.

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