Nota Informativa ASBAI Coronavac e crianças imunocomprometidas
No dia 20 de janeiro de 2022, foi aprovado pela ANVISA o uso emergencial da vacina Coronavac em crianças de 6 a 17 anos que não sejam imunocomprometidas. (Aprovada ampliação de uso da vacina CoronaVac para crianças de 6 a 17 anos — Português (Brasil) (www.gov.br)
Apesar do pedido realizado pelo Instituto Butantan incluir a faixa etária entre três e seis anos, o uso em menores de seis anos não foi ainda aprovado, pois a agência brasileira considerou que, no momento, não há dados suficientes de eficácia e segurança nesta faixa etária.
Determinou-se ainda que esta vacina não fosse aplicada em crianças de 6 a 17 anos que apresentam algum comprometimento do sistema imune, por insuficiência de estudos nesta população que comprovem sua eficácia. Sabemos que vacinas inativadas são seguras neste grupo de pacientes e que vêm sendo aplicadas com segurança em pacientes adultos imunocomprometidos há mais de um ano. Por outro lado, sabemos também que não há garantia de boa resposta imunológica a vacinas em muitos dos indivíduos com algum comprometimento do sistema imune.
Estudos realizados em pessoas com diversos tipos de comprometimento do sistema imune, inclusive erros inatos da imunidade, demonstraram segurança e resposta razoável com os imunizantes de RNAm. (COVID-19 Vaccines for Moderately or Severely Immunocompromised People | CDC) (1-4) Entretanto, carecemos de estudos semelhantes com a Coronavac.
É fundamental ressaltar que, em se tratando de comprometimento do sistema imune, é enorme a diversidade de defeitos primários e secundários, de doenças que prejudicam o sistema imune em diferentes graus e que, em sua maioria são condições clínicas raras. Diante disso, a dificuldade em produzir estudos de eficácia robustos é gigantesca.
Na realidade, não temos dados consistentes sobre a eficácia em pacientes imunocomprometidos de praticamente nenhuma das vacinas do calendário vacinal brasileiro. Em pacientes imunocomprometidos, a tradição de falta de dados nos leva a considerar como principal fator a segurança dos imunizantes: se não há risco, ainda que a resposta seja duvidosa, as aplicamos. (5) Assim deveríamos proceder com as vacinas contra o SARS-CoV-2: vacinas nas quais a segurança não seja uma preocupação, devem ser consideradas. (6)
No entanto, até que tenhamos outros estudos, em se tratando de um grupo prioritário para imunização contra a COVID-19, consideramos que vacinas de RNAm sejam, no momento, mais apropriadas em imunocomprometidos, pela eficácia que estas vêm apresentando em vários estudos e não por qualquer questão de segurança em relação à Coronavac.
GT COVID da ASBAI
DC de Imunodeficiências da ASBAI
Referências
- Pisani G, Cristiano K, Simeoni M, Martina A, Pati I, Carocci A, et al. Detection of antibodies against SARS-CoV-2 both in plasma pools for fractionation and in commercial intravenous immunoglobulins produced from plasma collected in Italy during the pandemic. Blood Transfus. 2021.
- Hagin D, Freund T, Navon M, Halperin T, Adir D, Marom R, et al. Immunogenicity of Pfizer-BioNTech COVID-19 vaccine in patients with inborn errors of immunity. J Allergy Clin Immunol. 2021;148(3):739-49.
- D’Amelio R, Asero R, Cassatella MA, Lagana B, Lunardi C, Migliorini P, et al. Anti-COVID-19 Vaccination in Patients with Autoimmune-Autoinflammatory Disorders and Primary/Secondary Immunodeficiencies: The Position of the Task Force on Behalf of the Italian Immunological Societies. Biomedicines. 2021;9(9).
- Arroyo-Sanchez D, Cabrera-Marante O, Laguna-Goya R, Almendro-Vazquez P, Carretero O, Gil-Etayo FJ, et al. Immunogenicity of Anti-SARS-CoV-2 Vaccines in Common Variable Immunodeficiency. J Clin Immunol. 2021.
- Bonilla FA. Update: Vaccines in primary immunodeficiency. J Allergy Clin Immunol. 2018;141(2):474-81.
- Duly K, Farraye FA, Bhat S. COVID-19 vaccine use in immunocompromised patients: A commentary on evidence and recommendations. Am J Health Syst Pharm. 2022;79(2):63-71.