Doenças vasculares cerebrais e anticoncepcionais: entenda os fatores de risco

Doenças vasculares cerebrais e anticoncepcionais: entenda os fatores de risco

  • Estudo revela que risco de AVC isquêmico cresceu 1,6 vezes em mulheres que fazem uso de anticoncepcional oral
  • Histórico de doenças circulatórias e cardiovasculares na família pode servir de alerta para uso de anticoncepcionais

Tabagismo, diabetes, obesidade e hipertensão arterial são alguns dos fatores que podem potencializar riscos à saúde da mulher se associados ao uso de anticoncepcionais, sobretudo, na faixa etária acima dos 35 anos. “Essa combinação pode causar sérios danos ao organismo feminino e até mesmo ocasionar problemas mais sérios, tais como, trombose cerebral e AVC – isquêmico e hemorrágico”, alerta Dr. Ricardo Santos de Oliveira, neurocirurgião pediátrico.

De acordo com relatório da ONU, “Tendências do Uso de Métodos Anticoncepcionais no Mundo 2015”, 64% das mulheres utilizam algum tipo de proteção para não engravidar. No Brasil esse número sobe para 79%, segundo o documento. Desse percentual, para cada 100.000 mulheres, estima-se que pelo menos 5 casos de eventos trombóticos estejam relacionados ao uso de anticoncepcionais.

Só no Brasil, cerca de 70% das mulheres fazem uso do anticoncepcional, principalmente, os do tipo oral e a laqueadura. O uso contínuo dos contraceptivos e a dosagem do etinilestradiol – um típico específico de estrogênio – podem aumentar as chances de doenças cerebrovasculares.

Estudos revelaram que o risco de AVC isquêmico cresceu 1,6 vezes em mulheres que fazem uso do anticoncepcional oral. Em artigo publicado na revista New England of Medicine, a maior probabilidade foi encontrada entre as pacientes que usavam o adesivo contraceptivo – com risco oito vezes maior de apresentar problemas vasculares cerebrais. No caso dos anéis vaginais, essa chance foi de 6,5 menor.

A trombose cerebral também pode estar relacionada à deficiência da proteína “S”. O neurocirurgião explica que uma deficiência dos anticoagulantes naturais C e S está associada a um estado de hipercoagulabilidade e a um risco maior de tromboembolismo venoso. “É importante que se faça um rastreamento nas meninas, antes de iniciar o uso de anticoncepcional oral”  alerta o médico.

Dentre os sintomas mais comuns da trombose cerebral estão a dores de cabeça – forte intensidade ou persistente -, alteração ou perda de visão, desiquilíbrio e tontura, alterações na sensibilidade (metade do corpo), entre outros sintomas.

Qual a diferença entre AVC e trombose cerebral?

O acidente vascular cerebral (AVC) está relacionado a dois tipos de eventos: isquêmicos (ausência de oxigenação) e hemorrágico (quando existe um extravasamento de sangue e a formação de coágulos).

Já a trombose cerebral pode estar relacionada à obstrução de uma artéria (isquemia cerebral) ou de uma veia, em geral ocasionando hemorragia cerebral.

Para as mulheres que fazem uso de anticoncepcional, a trombose pode ser prevenida com uso de anticoncepcional hormonal que contenha somente progesterona. É seguro na forma de pílulas, implantes subcutâneos e o dispositivo intrauterino (DIU) de levonorgestrel – uma progesterona.

“A análise do histórico familiar para eventos trombóticos e um rastreamento laboratorial também podem contribuir na prevenção do problema”, finaliza Dr. Ricardo.

Sobre Dr. Ricardo de Oliveira – Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRPUSP). Doutor em Clínica Cirúrgica pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorados pela Universidade René Descartes, em Paris, na França e pela FMRPUSP. É orientador pleno do Programa de Pós-graduação do Departamento de Cirurgia e Anatomia da FMRPUSP e médico assistente da Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Também é docente credenciado do Departamento de Cirurgia e Anatomia da pós-graduação e tem experiência com ênfase em Neurocirurgia Pediátrica e em Neurooncologia, atuando principalmente nas seguintes linhas de pesquisa: neoplasias cerebrais sólidas da infância, glicobiologia de tumores cerebrais pediátricos e trauma crânio-encefálico. Foi o neurocirurgião pediátrico principal do caso das gêmeas siamesas do Ceará. Atua com consultórios em Ribeirão Preto no Neurocin e em São Paulo no Instituto Amato.

 

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