Obesidade infantil: a maior evidência é o aumento da doença entre crianças e adolescentes

Obesidade infantil: a maior evidência é o aumento da doença entre crianças e adolescentes

Endocrinologista fala sobre os desafios na conduta clínica e perspectivas terapêuticas

 

“Obesidade grave na Infância – casos desafiadores” é o tema da aula da Dra. Maria Edna de Melo, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), durante o 35º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, que vai acontecer de 3 a 7 de setembro, no Transamerica Expo Center em São Paulo.

O aumento das estatísticas sobre obesidade infantil tem trazido preocupação aos médicos. Abaixo, a Dra. Maria Edna, fala sobre desafios no tratamento da obesidade infantil grave, abordagem terapêutica e perspectivas de tratamento.

Onde está o maior desafio no tratamento da obesidade grave na infância?

São muitos aspectos: (1) dificuldade de uma conduta clínica, já que não existe uma padronização. Embora esses casos não sejam a maioria, temos notado um número cada vez mais crescente de obesidade grave na infância. (2) não existem muitas medicações disponíveis e as que existem, são de custo elevado. (3) o comportamento da família é influenciado pelo próprio ambiente, pelas características biológicas e não há o desenvolvimento de políticas públicas que possam ajudar essas famílias e suas crianças a viverem num ambiente melhor, com alimentos mais saudáveis, diminuição de disponibilidade de ultraprocessados ou seja, com uma alimentação realmente saudável.

Como deve ser a abordagem terapêutica nesses casos graves?

É importante dar atenção para a condição da saúde mental dessas crianças, assim como da família, porque geralmente eles já chegam bem desgastados e estressados, tanto pela condição da saúde da criança em si, quanto pela estigmatização e responsabilização. A abordagem terapêutica deve ser sempre individualizada, e nós médicos devemos rastrear as comorbidades, ou seja, diagnosticar o que precisa ser cuidado além da própria obesidade. A partir disso, vamos sempre ponderando e buscamos começar essa abordagem com mudanças de estilo de vida, passando para uso de medicamentos e, inclusive, pensando até na possibilidade de cirurgia bariátrica, de acordo com cada caso e com a resposta cada uma das etapas do tratamento.

Criança com obesidade grave pode apresentar quais outros tipos de complicação?

As crianças com obesidade grave antecipam ainda mais as complicações da obesidade da vida adulta como diabetes, hipertensão, dislipidemia. Nesses pacientes é possível encontrar alguns casos de diabetes tipo 2, o que não se vê habitualmente nas crianças com obesidade.

Existe alguma nova perspectiva terapêutica ou novas evidências sobre esse tema?

Acho que o que chama mais atenção em termos de novas evidências é que a obesidade infantil vem aumentando, inclusive no último levantamento americano publicado em 2022 chama atenção que a gravidade dos quadros tem se intensificado. Temos poucos medicamentos disponíveis, mas há novidade para um grupo específico e muito pequeno de pacientes com quadros relacionados à obesidade grave decorrente de mutações no gene pró-opiomelanocortina (POMC) e no receptor de leptina. Foi aprovada a setmelanotida, uma medicação que age especificamente no receptor de melanocortina tipo 4, que é fundamental para a regulação do apetite. Entretanto, volto a salientar: populacionalmente o que temos de novidade, e não é uma boa notícia, é o  agravamento da obesidade das crianças e adolescentes.

 

Sobre o CBEM 2022

Em 2022, o Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia (CBEM) chega à sua 35ª edição. O encontro, que é o terceiro maior do mundo na especialidade, tem como objetivo trazer informação atual e de qualidade para a área de atuação e, com esse objetivo, contará com mais de 350 palestrantes, 21 deles internacionais, sendo quatro enviados pela Endocrine Society e dois pela Sociedade Europeia de Endocrinologia. Essa edição do congresso celebra também o número de 580 trabalhos enviados, um dos maiores já alcançado nas edições deste evento.

 

Segundo Marise Lazaretti Castro, presidente do CBEM 2022, a expectativa para o encontro presencial após dois anos de hiato é alta. “Os encontros on-line foram de extrema importância em um momento crítico de pandemia, mas a troca presencial é mais rica. A interação que acontece, não somente durante as aulas, mas nos corredores do congresso é o que proporciona novas discussões, alianças, parcerias e colaborações” destaca. São esperados mais de 4 mil participantes nos cinco dias de evento. Todas as medidas sanitárias do Governo do Estado de São Paulo e do Governo Federal para o setor de eventos serão respeitadas.

 

Serviço

 

35º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia (CBEM)

Data: de 3 a 7 de setembro de 2022

Local: Transamerica Expo Center – São Paulo/SP

Realização: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)

Site: https://cbem2022.com.br/

 

 

 

Sobre a SBEM-SP

A SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo) pratica a defesa da Endocrinologia, em conjunto com outras entidades médicas, e oferece aos seus associados oportunidades de aprimoramento técnico e científico. Consciente de sua responsabilidade social, a SBEM-SP presta consultoria junto à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, no desenvolvimento de estratégias de atendimento e na padronização de procedimentos em Endocrinologia, e divulga ao público orientações básicas sobre as principais doenças tratadas pelos endocrinologistas.

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