Pós-operatório em neurocirurgia: quais são os problemas mais recorrentes?

Pós-operatório em neurocirurgia: quais são os problemas mais recorrentes?

Sintomas como febre e dor cervical podem revelar meningite pós-operatória.

 

O pós-operatório em neurocirurgia exige cuidados especiais dos médicos e está entre os principais motivos de preocupação dos pacientes que são submetidos a essa cirurgia.

“Antes da realização da intervenção cirúrgica, quando é executada a craniotomia (procedimento que consiste na remoção de uma janela óssea para ter acesso ao interior da cabeça), alguns procedimentos técnicos são importantes, a exemplo da incisão craniana, que corresponde ao planejamento do local onde será feita a cirurgia através do corte do couro cabeludo”, afirma Dr. Ricardo Santos de Oliveira, neurocirurgião pediátrico.

Mas, quais são os problemas que podem ocorrer após uma neurocirurgia craniana?

Eventualmente, alguma dor devido a incisão do couro cabeludo e isso pode causar incômodo ao paciente. Geralmente é algo transitório.

Alterações relacionadas ao pós-operatório, quando são leves, podem ser tratadas com orientação médica correta e com administração de medicamentos para aliviar a dor local. No entanto, outros problemas podem ocorrer como, por exemplo, o aparecimento de inchaço.

Quando a incisão é realizada na frente do crânio, situação mais frequente, os pacientes podem apresentar inchaço na região dos olhos no pós-operatório. Isso acontece, geralmente, entre o primeiro e o segundo dia e, depois, desaparece progressivamente. Mas, a persistência do inchaço, abaulamento ou caroço na cicatriz cirúrgica é motivo de preocupação e deve ser acompanhado pelo neurocirurgião.

Além da dor, febre também pode ocorrer no pós-operatório e deve ser observada atentamente. “Sintomas como dor cervical e febre em pacientes que foram submetidos a uma craniotomia podem revelar uma meningite pós-operatória, que é uma infecção ou uma inflamação que ocorre por causa da abertura da meninge – membrana que envolve o cérebro”, explica Dr. Ricardo.

Outros problemas que podem surgir são as convulsões. A cirurgia de um tumor cerebral ou um hematoma intracraniano podem levar ao aparecimento de convulsão. Neste caso, durante o pós-operatório, é indicado permanecer com a medicação anticonvulsivante com o intuito de prevenir crises convulsivas.

Hemorragias também podem acontecer. Alguns tumores apresentam vascularização, irrigação muito importante e, eventualmente, a retiradas desses tumores pode provocar áreas de hemorragia. Porém, na maioria das vezes, o problema pode ser controlado e não necessita de outras intervenções. Mas, há casos em que os hematomas podem aumentar de tamanho, o que exige a necessidade de uma nova cirurgia.

Além disso, outro cuidado extremamente importante está relacionado à saída de qualquer tipo de líquido da cicatriz cirúrgica. “Uma vez fechada a cicatriz não deve ocorrer nenhum tipo de líquido ou secreção no local da cirurgia. No caso de um hematoma ou saída de líquido ou secreção, é preciso buscar avaliação do médico ou pronto atendimento para o tratamento correto”, comenta Dr. Ricardo.

Outra queixa muito frequente de pacientes submetidos a uma neurocirurgia craniana é um incômodo persistente no couro cabeludo após o período de cicatrização. O couro cabeludo tem uma inervação importante e quando é realizada a incisão cirurgia, pequenos ramos e nervos são cortados e levam à sensibilidade para essa região. No entanto, após alguns meses, geralmente, há uma reorganização do local e esse tipo de sintoma tende a desaparecer.

 

Sobre Dr. Ricardo de Oliveira – Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRPUSP). Doutor em Clínica Cirúrgica pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorados pela Universidade René Descartes, em Paris, na França e pela FMRPUSP. É orientador pleno do Programa de Pós-graduação do Departamento de Cirurgia e Anatomia da FMRPUSP e médico assistente da Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Também é docente credenciado do Departamento de Cirurgia e Anatomia da pós-graduação e tem experiência com ênfase em Neurocirurgia Pediátrica e em Neurooncologia, atuando principalmente nas seguintes linhas de pesquisa: neoplasias cerebrais sólidas da infância, glicobiologia de tumores cerebrais pediátricos e trauma crânio-encefálico. Foi o neurocirurgião pediátrico principal do caso das gêmeas siamesas do Ceará. Atua com consultórios em Ribeirão Preto no Neurocin e em São Paulo no Instituto Amato.

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