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Quimioterápicos podem causar alergias, mas há tratamento

Quimioterápicos podem causar alergias, mas há tratamento

  • Dessensibilização pode garantir a continuidade do tratamento ideal
  • Um em cada cinco pacientes que utilizam quimioterápicos a base de platina tem reação alérgica

Os quimioterápicos também podem desencadear reações alérgicas e, por falta de informação, muitas vezes, o medicamento de primeira linha, ou seja, o mais indicado e eficaz para o tratamento, pode ser suspenso, sendo trocado por um outro de segunda linha, que pode comprometer a qualidade de vida e a sobrevida da pessoa.

Para estes casos já pode ser feita a dessensibilização, um processo que reintroduz o medicamento no paciente, com doses crescentes até que chegue ao ponto de ele receber a dose total do quimioterápico, sem necessitar de uma alternativa menos eficaz.

“Com essa técnica, o paciente recebe o tratamento mais adequado e, nos casos de câncer, isso é muito importante. Taxar o paciente de alérgico pode ser mais simples, mas você pode privá-lo do tratamento adequado. Por isso a importância do diagnóstico correto e, quando for indicado, fazer a dessensibilização”, comenta o Dr. Pedro Giavina-Bianchi, especialista da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

Pesquisas apontam que reações alérgicas aos quimioterápicos, dentro das reações alérgicas a medicamentos, já é a 3ª causa de morte nos Estados Unidos. “Isso porque são medicamentos menos testados (fast track) que os demais, já que o paciente não pode esperar e, assim, são liberados mais rapidamente para o mercado. Por isso, as reações não são todas conhecidas antes de serem comercializados”, explica Dr. Bianchi.

O percentual de pessoas em tratamento de câncer que apresentam reações alérgicas ao medicamento varia de acordo com o quimioterápico utilizado. No caso das platinas, que são usadas nos casos de câncer de mama, ovário e intestino, pode chegar a 20%, ou seja, um em cada cinco pacientes desenvolverá alergia. Pessoas com asma ou rinite têm o risco aumentado para reação, mas, mesmo assim, vai depender do quimioterápico que será utilizado. A anafilaxia, reação alérgica mais grave e sistêmica, pode levar o paciente ao óbito. Isso ocorre devido ao edema de glote e subsequente asfixia, ou à queda da pressão e colapso cardiocirculatório.

Tratamento – Quando o paciente apresenta uma possível reação alérgica ao quimioterápico, a avaliação do especialista é fundamental, pois os efeitos locais causados pelos quimioterápicos, como diarreia e vômito, podem ser confundidos com os da reação alérgica. “O que acontece hoje é que quando o paciente apresenta a reação, já é classificado como alérgico e tem a medicação mudada, o que pode comprometer o sucesso do tratamento. Antes de qualquer mudança é preciso ter certeza de que se está diante de um quadro alérgico”, aponta o especialista.

Se for confirmada a reação alérgica, deve-se avaliar os riscos e benefícios de continuar com o quimioterápico que está causando a alergia. Se o benefício for maior, fazer a dessensibilização. É necessária uma avaliação multidisciplinar do especialista de alergia juntamente com o oncologista.

“Estamos em busca de nos antecipar à reação alérgica. Saber qual medicamento tem mais propensão a desencadear alergia. Hoje, no Hospital das Clínicas de São Paulo, estamos iniciando testes cutâneos com as platinas para analisar se, daqui algum tempo, eles nos ajudarão a saber se o paciente vai reagir ao quimioterápico. Mas isso é para o futuro, hoje ainda não temos como prevenir”, disse Dr. Pedro Bianchi.