Especialista responde às principais dúvidas do consultório sobre a vacina da febre amarela
Há muitas dúvidas relacionadas à vacina da febre amarela, principalmente entre as pessoas que sofrem de alergias, que estão passando por algum tratamento – como quimioterapia – ou sofrem de doenças autoimunes.
A coordenadora da Comissão Científica de Imunizações da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Dra. Ana Karolina B.B. Marinho, responde abaixo às principais dúvidas que tem recebido no consultório.
1 – Pessoas com mais de 60 anos podem se vacinar contra a febre amarela?
Sim. Pessoas com mais de 60 anos podem receber a vacina da febre amarela, desde que não estejam fazendo uso de medicamentos imunossupressores ou sejam portadoras de doenças crônicas descompensadas. Sugerimos sempre uma avaliação médica prévia, mas a prescrição para a vacina não é necessária.
2 – Quem está passando pelo tratamento quimioterápico pode receber a vacina?
Não. Pessoas com neoplasias em uso de quimioterapia ou radioterapia não devem receber a vacina de febre amarela. Por ser de vírus vivo atenuado, a vacina pode causar eventos adversos graves em indivíduos imunocomprometidos.
3 – Quais as outras doenças que impedem a vacinação contra a febre amarela?
- Imunodeficiências primárias ou congênitas
- Doenças prévias do timo
- Pessoas com HIV com contagem das células T CD4 < 350
- Doenças autoimunes em uso de imunossupressores
- Transplantados
- Alergia grave ao ovo
4 – Toda criança pode ser vacinada?
Crianças acima de 9 meses de idade, que residam ou que vão se deslocar para as áreas de risco, devem ser vacinadas.
5- Quem é alérgico ao ovo pode receber a vacina?
Devemos considerar duas situações: pacientes alérgicos ao ovo, com quadros leves ou moderados, podem ser vacinados e orienta-se a observação por 30 minutos até uma hora após a aplicação da vacina.
Pessoas com história de alergia grave ao ovo, como por exemplo anafilaxia, não devem receber a vacina. Se o risco de infecção pela febre amarela for muito levado, orienta-se uma avaliação do médico alergista para considerar a possibilidade de dessensibilização com a vacina.
6 – Quem já teve alergia ao ovo pode receber a vacina?
Pessoas que tiveram alergia ao ovo e se tornaram tolerantes (comem ovos e alimentos com ovo sem reações atualmente) podem receber a vacina da febre amarela.
7 – E quem tem alergia ao leite?
Não há proteínas do leite de vaca ou traços nas vacinas atualmente disponíveis no Brasil, portanto, os alérgicos à proteína do leite de vaca podem receber a vacina da febre amarela.
8 – A vacina da febre amarela pode dar reação alérgica cruzada com algum outro alimento, principalmente aqueles que desencadeiam alergias mais frequentes, como o trigo, por exemplo?
Não. Entretanto, além da proteína do ovo, a vacina de febre amarela pode conter conservantes e outros excipientes como canamicina, eritromicina e gelatina bovina, que têm um potencial alergênico em indivíduos sensíveis ou com história de reações prévias a vacina.
9 – Por que está sendo feito o fracionamento da dose da vacina?
O fracionamento das doses da vacina de febre amarela é uma estratégia de emergência adotada pelo Ministério da Saúde para que um maior número de pessoas sejam vacinadas, com o objetivo de impedir a propagação da doença em alguns Estados.
10 – A vacina fracionada é menos eficaz?
A vacina fracionada tem a mesma eficácia, porém a duração da proteção será menor e as pessoas deverão ser revacinadas após 8 anos.
Sobre a ASBAI
A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia existe desde 1972. É uma associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cuja missão é promover a educação médica continuada e a difusão de conhecimentos na área de Alergia e Imunologia, fortalecer o exercício profissional com excelência da especialidade de Alergia e Imunologia nas esferas pública e privada e divulgar para a sociedade a importância da prevenção e tratamento de doenças alérgicas e imunodeficiências. Atualmente, a ASBAI tem representações regionais em 21 estados brasileiros.
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