Você já ouviu falar em caseo amigdaliano?

Você já ouviu falar em caseo amigdaliano?

O caseo amigdaliano é a formação de cálculo no interior das criptas amigdalianas (pequenas cavidades ou recessos no interior das amígdalas). Ele se forma pelo acúmulo de material calcificado e depósito de resíduos. Estes resíduos são pele morta (descamação da mucosa da boca), fragmentos e pequenas partículas de vírus, bactérias ou fungos e demais agentes infecciosos, proteínas salivares e restos alimentares.

Estudo recente, analisando exames de imagem, mostra que a prevalência é de 46% na faixa etária entre 40 a 89 anos, e 1.5 vezes mais frequente em mulheres do que homens.

São vários os sintomas, como garganta arranhando ou raspando, sensação de corpo estranho na garganta, mal hálito, sensação de engolir, tossir ou expelir pedrinhas que se desprendem da garganta. Como sintomas associados pode ainda ocorrer febre, amigdalite, saburra lingual, boca seca, dor ao se alimentar, faringite, periodontite (inflamação dos tecidos que envolvem os dentes), abcesso amigdaliano (coleção de pus que se acumula por trás da amígdala), rinite, sinusite. Em geral, trata-se de quadro clínico benigno.

“Às vezes é um quadro clínico transitório que vem, persiste alguns dias e cede da mesma forma que aparece, ou seja, espontaneamente. A formação de caseo, muitas vezes, pode decorrer da mudança do pH da boca. O pH ideal e equilibrado da boca gira em torno de 7, pH neutro. Toda vez que houver uma redução nesse pH, ou seja, acidez na boca, aumenta-se a chance de formação de caseo. Entretanto, como citado anteriormente, podem ocorrer doenças associadas, daí a importância de sempre procurar a opinião de um especialista que pode ser o otorrinolaringologista, dentista ou gastrenterologista”, explica Dra. Jeanne Oiticica, médica otorrinolaringologista e Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Tratamento – Primeiramente, é preciso saber o que está ocasionando o caseo, pois isto varia caso a caso. Quando o problema é a alimentação, esta deve ser corrigida. Nos casos de doenças associadas, essas devem ser adequadamente tratadas com antibióticos, anti-inflamatórios, procedimentos cirúrgicos e ou odontológicos, dentre outros. “No caso de boca seca, a chamada xerostomia, deve-se investigar e corrigir, aumentando a ingesta de água e líquidos e até mesmo com salivas artificiais. Quando o caseo for decorrente do uso de determinado medicamento, deve-se considerar a possibilidade de troca ou suspensão do mesmo. Quando o problema é hormonal, por exemplo, no climatério ou andropausa, a correção adequada da disfunção está indicada”, comenta a especialista.

 

Prevenção 

Beber bastante líquido ao longo do dia, ato que favorece a produção de saliva fluida e não viscosa, contribui para a limpeza das criptas amigdalianas e previne o acúmulo de caseo.

– Evitar alimentos que deixam a saliva grossa e espessa como bebidas lácteas, chocolate, café, álcool.

– Comer 1 maçã por dia. Essa fruta tem poder adstringente, desengordurante, ajuda muito na limpeza dos resíduos da boca e previne o acúmulo de caseo.

– Se o problema for a xerostomia ou boca seca, o uso de salivas artificiais (carmelose) está indicada.

– Quando a questão é o pH da boca, gargarejos diários com ½ copo de água morna e uma pitada de bicarbonato 2 vezes ao dia ajudam a prevenir o problema, além da mudança de hábitos alimentares.

 

Perfil Dra. Jeanne Oiticica

Médica otorrinolaringologista, concursada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.

Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Responsável do Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.