O tumor cerebral mais comum em crianças

O tumor cerebral mais comum em crianças

Neurocirurgião explica o astrocitoma; meninos são mais afetados

Existe um tumor no cérebro chamado de glioma, que é um tipo específico de tumor nas células gliais do cérebro, células essas que compõem o sistema nervoso e ajudam os neurônios. Existem vários tipos diferentes de gliomas, que variam de acordo com as características celulares, a localização e o grau de malignidade.

De acordo com o atual Sistema de Classificação da Organização Mundial da Saúde, os astrocitomas pilocíticos (AP) representam aproximadamente 5,1% de todos os gliomas; e dentro desta estatística, os APs são responsáveis por 15,4% dos tumores primários do sistema nervoso central em crianças e adolescentes (0-19 anos) e 17,6% dos tumores cerebrais primários da infância (0-14 anos).

A prevalência maior parece ser nos meninos. “Os mecanismos pelos quais o gênero pode afetar as taxas de câncer e os resultados variam desde o nível celular até o nível do organismo. Por exemplo, o metabolismo celular e do organismo e as taxas de crescimento diferem em função do gênero ser feminino ou masculino. A função imunológica é profundamente diferente em homens e mulheres, e a disparidade na incidência de doenças cardiovasculares sugere que a função dos vasos pode ser fundamentalmente diferente. Existem trabalhos científicos que correlacionaram os mecanismos intrínsecos celulares e não celulares pelos quais o gênero pode exercer um efeito sobre o tumor, explicando assim a predominância nos meninos”, explica o Dr. Ricardo Santos de Oliveira, neurocirurgião pediátrico e um dos autores de estudo sobre astrocitomas.

Esse tipo de tumor pode afetar diferentes áreas do cérebro, porém, em crianças, o local mais comumente afetado é o cerebelo (67%) e entre os sintomas estão: comprometimento do equilíbrio ou coordenação motora (ataxia), paralisia dos nervos e sinais de aumento da pressão intracraniana como náuseas, vômitos, sonolência e dor de cabeça.

“Os astrocitomas podem variar em tumores benignos, como os astrocitomas pilocíticos, até as formas agressivas. De uma forma geral, a confirmação diagnóstica se dará após a análise do material obtido do tumor através de uma cirurgia. E o sucesso da cirurgia dependerá da localização do tumor e, também, da experiência do neurocirurgião”, reforça Dr. Ricardo.

 

Quando presentes nas vias ópticas, os astrocitomas pilocíticos podem produzir perda de acuidade ou campo visual e, quando localizados no hipotálamo, podem resultar em diabetes insipidus e até puberdade precoce. Lesões em regiões do cérebro chamadas supratentoriais (onde estão áreas responsáveis pelos movimentos do corpo, sensibilidade, visão, audição, memória, por exemplo) também podem se apresentar como crises epilépticas.

“Existe diversos estudos científicos em andamento no intuito de descobrir possíveis marcadores tumorais que poderiam indicar o surgimento precoce de um tumor. Entretanto, na prática clínica ainda não temos métodos confiáveis para prevenção dos tumores cerebrais”, finaliza o neurocirurgião pediátrico.

 

 

Sobre Dr. Ricardo de Oliveira – Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRPUSP). Doutor em Clínica Cirúrgica pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorados pela Universidade René Descartes, em Paris, na França e pela FMRPUSP. É orientador pleno do Programa de Pós-graduação do Departamento de Cirurgia e Anatomia da FMRPUSP e médico assistente da Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Também é docente credenciado do Departamento de Cirurgia e Anatomia da pós-graduação e tem experiência com ênfase em Neurocirurgia Pediátrica e em Neurooncologia, atuando principalmente nas seguintes linhas de pesquisa: neoplasias cerebrais sólidas da infância, glicobiologia de tumores cerebrais pediátricos e trauma crânio-encefálico. Foi o neurocirurgião pediátrico principal do caso das gêmeas siamesas do Ceará. Atua com consultórios em Ribeirão Preto no Neurocin e em São Paulo no Instituto Amato.

 

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